domingo, 6 de abril de 2008

Beleza aprisionada na forma e Beleza Sublime


Tenho pensado na “crueldade” de Artaud!
As experiências de criação, e vivências de um espaço vivo trouxeram uma reflexão sobre como começar, sobre experiência ao invés de exercício, sobre estrutura e autonomia, e não métodos fixos.
Quando separações de posturas em estúdio de ensaio e em palco se dissolvem, a responsabilidade pesa, pois sendo assim se está constantemente diante da obra presente, atual, ativa. Há que se abrir a percepção ao que ainda não começou a existir. Há a quentão do tempo e da expectativa. Qual deve ser a medida certa de passado, e preocupação não desesperada com o futuro? Pois mesmo com a percepção aguçada para compor um espaço onde as ações ainda não existem, é impossível dissociar-nos dessa questão de tempo, é preciso não viver morto, no passado (repetir, representar), nem afogar-se nas expectativas do futuro, muito menos doar-se somente ao presente caótico e dionisíaco. Não há que se pensar em separações, as coisas já são devidamente misturadas, evidenciar uma dessas separações, é sufocar outras, e não dar fluxo para a espontaneidade, o que comprometerá totalmente a expressão.
Tomemos cuidado para não estarmos mortos já no nosso nascimento! Que se esteja atento para perceber que a “crueldade” é o primordial da consciência, é a vida a partir da morte do Deus, do retorno.


Sobre Repetições e Espontaneidades.
Algumas discussões sobre gesto e mímica, fizeram despertar o interesse no apresentado e no representado.
Há que se tomar cuidado ao julgar as nossas expressões. Nossa linguagem está completamente dissolvida em nossas metáforas, enquanto falamos a necessidade de extrapolar ao verbo a expressão desejada, é facilmente notada nas nossas gesticulações. Qual seria o sentido do gesto? Reforçar a mensagem?
Nesse momento, acho importante pensar no que é apresentado e no que é representado, no que é apenas repetido e não criado, e no que é espontâneo e vivo. Quando o gesto é apenas repetido, e quando ele é espontâneo?
Penso que o gesto, sinteticamente, participa da linguagem, como metáfora, e como suprimento de um desejo de expressão não alcançado pela palavra. E que a forma como ele irá exteriorizar-se está diretamente ligado à intensidade desse desejo. Por isso, o gesto mesmo que mimético, ou figurado, pode ser encarado como mímica, mas acredito que não seja tão simples caracterizá-lo como representativo e não espontâneo. Seu fim pode, em alguns momentos, ser reconhecido como repetição, mas sua origem com certeza é sempre originária de uma espontaneidade nascida de um deslocamento do desejo.
São algumas reflexões, e angústias que gostaria de compartilhar...

Uma estrutura se formando:
Gesto, sua intesidade e forma - relaçoes de interesse e sedução na linguagem - vontade e objeto - desdobramentos do desejo.