quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dualidades



Eu sei o quê dizer. Eu sei o quê dizer. Meu nome é Rafael Ricardo Pereira e confesso que estou em crise. Meu nome é Rafael Di Lari e confesso que estou em crise. Não sou o mesmo. Eu não sou o mesmo. A cada dia sou um outro. Frágil, sem verdades. Crenças. Sem me impor, eu sigo a manada. Me confundo com um outro, igual, e por um segundo surge a possibilidade daquele outro ser eu. Seria eu, então, um psicopata em potencial planejando ataques à senhoras gordas com suas sacolas de compra no centro de Curitiba atropelando pessoas nas suas pressas estúpidas de chegarem a lugar algum? E não chegarão pois são todas animais com objetivos pré-históricos... Ou...seria...eu...Ou seria eu um budista em repouso meditativo contemplando o sofrimento humano e esperando a Iluminação nos intervalos da novela das oito? Não sei o quê dizer. Eu sei o quê dizer. Sou uma cicatriz na testa e pintas e pêlos exclusivos que só eu possuo. Um antropofágico com refluxo, perdido em meio a um desfile carnavalesco de referências que a todo instante se justapõem e somem em devaneios. Sou Rafael Ricardo Pereira e sei o quê dizer. Sou Rafael Di Lari mas não sei o quê dizer.


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Encontros







tente entender o que pinto e o que escrevo agora.Vou explicar: Na pintura como na escritura procuro ver estritamente no momento em que vejo e naõ ver através da memória de ter visto no instante passado. O instante é este. O instante é em si mesmo iminente. Ao mesmo tempo que eu o vivo, lanço-me na sua passagem para outro instante.


(do livro àgua viva-Clarice Lispector)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Autonomia antes ou depois da ...autonomia


"particularmente, a oposição entre ideologia e ciência, que, explícita ou implicamente, fazia parte a conceptualização do conceito de ideologia desenvolvido por várias vertentes marxistas, não pode, depois do pós-estruturalismo, ser tão facilmente sustentada. Depois do pós - estruturalismo e partiularmente depois de Faucault, a oposição entre ciência e ideologia, fundamentada coo é na oposição "verdadeiro - falso", simplesmente se desfaz. Nesse sentido, as teorias pós-críticas, ao comtrário das acusações que lhes são feitas, ao deslocarem a questão da verdade para aquilo que é considerado verdade, tornam o campo social ainda mais politizado." (Tadeu T. 2007, p.146)

rede de criação



"porque nossa educação nos ensinou a separar e isolar as coisas. Separamos seus objetos de seus contextos, separamos a realidade em disicplinas compartimentadas umas das outras. A realidade, no entanto, é feita de laços e interações, e nosso conhecimento é incapaz de perceber o complexus - aquilo que é tecido em conjunto"(Morin, 2002, p. 11)


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um bom coração é um coração caótico




Aquele que não tem perguntas, não encontra respostas. Aquele que não busca nada, não encontra nada. A história dos grandes inventos registra casos célebres de indivíduos que viam o que milhares e milhares haviam visto, porém, pessoas que souberam mover o caleidoscópio da natureza e da cultura, para obter novas configurações com os mesmos elementos que haviam estado à mão de todos.
M. Rodrigues

Parece que as idéias criadoras só nos ocorrem quando empregamos muito tempo e energia exatamente na atividade que lhe torna mais difícil emergir (...) talvez essa imersão em nosso assunto seja condição de pensamento criador, não só porque os dá os materiais com que pensamos, mas ainda porque nos familiariza com as dificuldades do problema.
Gruber

A criação do novo não é conquista do intelecto, mas do instinto de prazer agindo por uma necessidade interior. A MENTE CRIATIVA BRINCA COM OS OBJETOS QUE AMA.
Jung



quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Guaranteed (Tradução)
Eddie Vedder
Composição: Eddie Vedder

Garantido

De joelhos não é maneira de ser livre
Levantando um copo vazio, pergunto silenciosamente
Todos meus destinos aceitarão aquele que sou eu
Para que eu possa respirar...

Círculos que crescem e engolem pressoas inteiras
Metade de suas vidas dizem boa noite para esposas que nunca irão conhecer
Uma mente cheia de perguntas, e um professor em minha alma.
E assim vai...

Não se aproxime ou terei que ir
Segurando-me como a gravidade são lugares que puxam
Se alguma vez houve alguém que me manteve em casa
Seria você...

Todos que encontro, em gaiolas que compraram.
Eles pensam de mim e meus vacilos, mas nunca sou quem eles pensaram
Eu tenho a minhas indignações, mas sou puro em todos os meus pensamentos.
Eu estou vivo...

Vento em meus cabelos, me sinto parte de todos os lugares.
Sob meu ser está um caminho que desapareceu.
Tarde da noite eu ouço as arvores, elas estão cantando com os mortos
Sobrecarga...

Deixe comigo enquanto encontro uma maneira de ser.
Considere-me um satélite, sempre orbitando.
Eu conheço todas as regras, mas as regras não me conhecem.
Garantido...

*Ouvir música no youtube "Eddie Vedder - Guaranteed"

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Identidade

M.C. Escher


Quando eu tinha 5, 6 anos, eu morava em Sorocaba ( no interior de São Paulo) e morava em um prédio que ficava em uma rua bem inclinada. No alto da rua, tinha uma chácara onde eu, meu pai e meus irmãos íamos para brincar.

Um dia, voltando dessa chácara, soltei da mão de meu pai (meu pai sempre andava de mãos dadas com a gente) e corri rua abaixo em direção ao prédio.

Na entrada do prédio tinha um degrau e logo em seguida, outro. Como estava muito rápido, fui pular o primeiro degrau mas meu pé ficou preso e cai de testa na quina do segundo degrau. O piso era de pedra, daquelas retangulares.

Começou a sangrar muito e fiquei desesperado, chorando. Meu pai chegou e me levou até uma mulher que morava no térreo, e que era enfermeira, que me deu os primeiros pontos.

Tenho essa cicatriz na testa, no lado direito.
E provavelmente isso será a única característica minha que permanecerá igual até o fim dos meus dias.


Eu sou o que aparento ser? O que me difere dos outros? Como captar o instante em que sou isso se logo posso ser outro?