O que queremos com nossos gestos?
Expressar uma idéia?
Comunicar precisamente uma informação?
A idéia de comunicação, como algo preciso que define uma informação clara e objetiva, parece estar ligada a mímica. Gesto codificado, plástico (?) que exprime uma única coisa. Mímica.
Parece-me mais interessante num trabalho artístico não fechar tanto as idéias, o que provavelmente tenha feito a gente fugir (com ou sem sucesso) dos gestos codificados, da mímica.
Quando movemos a partir da lembrança que temos de algo, tentando expressá-lo, é muito mais fácil recorrer a códigos prontos, que apenas reproduzimos em nosso corpo.
Fugir da mímica significa buscar uma vontade de mover que é despertada por alguma lembrança.
Mover o meu café-da-manhã significa acessar no meu corpo o que a lembrança do meu café-da-manhã me provoca. Os movimentos de pegar a xícara e levá-la a boca são apenas algumas das informações que ficam registradas sobre o café-da-manhã.
O gosto do café. O cheiro do pão. O cheiro do café. O gosto do pão. A música que tocava no vizinho. A textura da toalha na mesa. Várias outras informações que também fizeram parte do café da manhã, que podem ter sido armazenadas e que podem provocar uma vontade de mover quando acessadas. Mas que numa mímica/caricatura do café-da-manhã ficariam de fora, subsituídas por movimentos de levar a xícara à boca.
Expressar algo, mover algo, sem caricaturas parece ter uma amplitude maior de ambos os lados. Da vontade de mover, que pode surgir de mais lugares/informações. E do que isso significa para quem vê, que não necessariamente vai associar o movimento a um único significado, risco imanente da mímica.
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