Não quero ser o feto que espera, não, quero ser o feto quimera. O feto que pode e que transcende o dia adjacente ao poente ou transcende a noite que dorme. Quero ser o feto que transborda e que delira, aquele feto que não espera os fatos, mas que pratica. Ser feto quimera é ser mais que feto. É ser constante, é ser pertinente ao dia. Ser feto não é ser hora. É ser aqui e agora a qualquer hora. Livre-se desse dia que tenta pontuar o ritmo. Deixe esse fluir de feto caminhar seus passos. Seja feto. Mas seja, de verdade, a própria hora. Marque seu ritmo não de 5 em 5 segundos. Marque seu ritmo de olhar em olhar. De processo. Ser histórico não é lembrar da hora. Nem chegar atrasado. Ser histórico é ser processo. Isso é ser feto de fato. Isso transcende qualquer hora do dia ou da noite.
(Debora Alvadore, http://ocadernopretosemdecoro.blogspot.com/, Imagem: Trevor Brown)
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